Jornal O MIRANTE
"Unidos na paixão por cantar
SECÇÃO: Sociedade
Arquivo: Edição de 27-10-2011
Orfeão da Banda de Almeirim conta com 38 elementos entre os 14 e os 74 anos
Pessoas de diversas faixas etárias e de várias profissões dão a voz e algum tempo pelo grupo coral de Almeirim, que aos 18 anos atingiu a maioridade e é já uma referência na cidade.
São professores, médicos, educadores de infância, gerentes comerciais, estudantes. Têm profissões distintas mas todos partilham a mesma paixão: o canto. O coro do Orfeão de Almeirim existe desde 1993 e conta actualmente com 38 elementos dos 14 aos 74 anos. Vestidos a rigor, elas de preto com uma écharpe cada uma de cor diferente e eles de fato e gravata, fazem o aquecimento vocal antes do início de cada espectáculo.
Isabel Santos, 57 anos, é médica no Centro de Saúde de Almeirim. A música está-lhe no sangue. Canta no orfeão de Almeirim e no de Alpiarça e já cantou também no Coral Sinfónico de Portugal. A explicação para a paixão pela música, diz, é fácil. A mãe costumava cantar no Rádio Clube de Moçambique, o filho canta numa banda e a filha, em tempos, também cantou. “Tenho uma família de cantores por isso cantar é algo natural. Todos temos um passatempo e este é o meu. Preciso de cantar para desanuviar e descomprimir do stress do dia-a-dia”, explica acrescentando que não podemos viver só do trabalho.
José Manuel Fulgêncio, 60 anos, sempre gostou de cantar e resolveu aceitar o convite para integrar o Grupo Coral da Banda de Almeirim - que mais tarde deu lugar ao Orfeão da Banda. Já pertence ao grupo há mais de 20 anos. Em estudante chegou a cantar fado de Coimbra numa récita que se realizou no seu externato.
Ana Joaquim tinha quatro anos quando veio para o orfeão. Sempre gostou de cantar e nem quando esteve a estudar na universidade desistiu da sua “grande” paixão. A jovem educadora de infância garante que sempre que canta consegue relaxar e abstrair-se de todos os problemas que possam existir. Com 23 anos prefere música feita para coros, por isso nunca foi opção integrar um grupo musical ou uma banda. “O coro é diferente. Aqui cantamos em conjunto e isso é o mais importante. Nas bandas é tudo muito mais individual”, realça.
Um grupo familiar
José Moreira é presidente do orfeão desde a sua fundação, em 1993. Depois de um interregno de seis anos, está à frente da colectividade, ininterruptamente, há 14 anos. O dirigente garante que os 19 anos de actividade têm sido muito produtivos com muitas viagens sobretudo pela Europa. República Checa, Áustria, Itália, Alemanha, Espanha e as regiões autónomas da Madeira e Açores foram alguns dos locais onde já actuaram.
As viagens são suportadas pelo orfeão. Recebem um subsídio anual de 1200 euros por parte da Câmara de Almeirim e têm um protocolo com a autarquia onde esta dá 550 euros mensais para pagar o maestro do coro juvenil. Só a primeira viagem que fizeram à Madeira é que saiu do bolso dos coralistas. Além dos subsídios, o coro organiza, com regularidade, actividades para angariar receitas. Todos os anos andam pelas ruas do concelho de Almeirim a cantar as Janeiras e têm uma tasquinha nas festas da cidade que se realizam em Junho e Agosto.
O Orfeão do Coro de Almeirim é um grupo familiar que tem em comum o gosto pela música e pelo canto. O presidente do Orfeão lança o apelo a todos os jovens, a partir dos seis anos, que gostem de música para que se inscrevam no orfeão. José Moreira diz que é muito difícil conquistar crianças e jovens para o coro. “Existem muitas actividades lúdicas de que eles gostam e como têm que optar escolhem as mais ‘famosas’”, explica.
Uma família de cantores
Ela é soprano, ele é tenor e o filho é contralto. Ana Luísa Roque, Mário Roque e Diogo Roque são mãe, pai e filho e fazem todos parte do Coro do Orfeão de Almeirim. Ana Luísa e Mário fazem parte do coro há cerca de 15 anos. Nessa altura Ana Luísa engravidou e Diogo começou a ouvir música logo dentro da barriga da mãe. Quando nasceu ia para os ensaios e ficava na alcofa enquanto os pais cantavam.
Quando o Diogo começou a andar os pais arranjaram-lhe uma pasta pequena com as partituras. “Sempre que íamos cantar ele abria a pasta, mesmo sem saber ler, e ficava ali à frente connosco durante as actuações. Era a mascote do grupo”, recorda a mãe a O MIRANTE.
O Diogo cresceu mas continua a fazer parte, agora oficialmente, do coro do Orfeão de Almeirim. Estuda música no Conservatório de Santarém e escolheu como instrumento o oboé. O seu grande objectivo é ser músico e vai tentar conciliar com a actividade no coro que frequenta desde que nasceu e pelo qual tem um carinho especial."
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